sábado, 19 de fevereiro de 2011

Viva!


"Meu nome é Sergio e tenho 61 anos e pertenço a uma geração azarada.
Quando eu era jovem as pessoas me diziam para escutar os mais velhos que eram os mais sábios, agora, me dizem que tenho que escutar os jovens, porque eles são mais inteligentes.
Na semana passada, eu li na revista um artigo no qual jovens executivos davam receitas simples e práticas para qualquer um ficar rico, e eu aprendi muita coisa.
Aprendi, por exemplo, que se eu tivesse simplesmente deixado de ter tomado um cafezinho por dia nos últimos 40 anos, eu teria economizado R$30mil. Se eu tivesse deixado de ter comido uma pizza por mes, eu teria economizado R$12mil, e assim por diante.
Impressionado, peguei um papel e comecei a fazer contas e descobri, para a minha surpresa, que hoje eu poderia estar milionário; bastava eu não ter tomado as caipirinhas que eu tomei, não ter feito muitas das viagens que fiz, não ter comprado algumas das roupas caras que eu comprei e principalmente não ter desperdiçado o meu dinheiro em itens supérfulos e descartáveis.
Ao concluir os cálculos, percebi que hoje eu poderia ter quase R$500mil na conta bancária, é claro que eu não tenho esse dinheiro, mas se tivesse, sabe o que esse dinheiro me permitiria fazer??? Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar com itens supérfulos e descartáveis, comer todas as pizzas que eu quisesse e tomar cafezinhos a vontade.
Por isso, acho que me sinto feliz em ser pobre: gastei meu dinheiro com prazer e por prazer.
E recomendo aos jovens e brilhantes executivos que façam a mesma coisa que eu fiz, caso contrário eles chegarao aos 61 anos com um monte de dinheiro, mas sem ter vivido a vida..."
Texto enviado a Max Gehringer - do jornal da CBN Brasil.


* Texto retirado do blog http://liciamesquita.blogspot.com/
*Imagem retirada do fotolog http://www.fotolog.com.br/marchemellow

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Por falar em carnaval...

Alô, Cacique, cadê o Bafo? *

Um das imagens mais marcantes do carnaval carioca desde a década de 1960 é, sem dúvidas, o desfile do Cacique de Ramos. Milhares de foliões fantasiados de apaches ocupam a Avenida Rio Branco e mostram como o Velho Oeste foi devorado antropofagicamente pelo ziriguidum tupiniquim. O Cacique é, ouso dizer, um marco civilizatório da maior relevância para a história da cidade do Rio de Janeiro e, consequentemente, do Brasil. A agremiação de Ramos foi, com suas rodas de samba à sombra da tamarineira sagrada, uma espécie de Tróia do samba diante da explosão midiática do rock nacional nos famigerados anos de 1980 – e só isso bastaria para dar ao bloco um lugar de importância maior no panorama cultural brasileiro.

A louvação ao Cacique de Ramos leva, porém, a uma indagação: que diabos aconteceu com o Bafo da Onça, bloco que dividia com o Cacique a paixão dos foliões cariocas e hoje, enquanto o carnaval de rua volta ao centro da cena, anda caindo pelas tabelas, como pálida lembrança do que foi? Bafo e Cacique cansaram de transformar a Avenida Rio Branco, nos dias de Momo, em um verdadeiro Maracanã em domingo de Fla X Flu. Contar a história dos apaches sem falar das onças-pintadas é rigorosamente impossível.

O Bafo da Onça é mais antigo que o Cacique. O bloco foi fundado dentro de um botequim do bairro carioca do Catumbi, em meados dos anos cinquenta. Seu principal fundador foi um carpinteiro e policial chamado Sebastião Maria; um sujeito que, durante os dias de carnaval, formava uma espécie de bloco do eu sozinho e costumava sair pelas ruas do bairro fantasiado de onça-pintada.

Seu Tião Carpinteiro tinha ainda o hábito de começar a tomar uns gorós no dia de Santos Reis - data que marcava, para ele, o início das festas de Momo - e só encerrar os trabalhos na quarta feira de cinzas. Ocorre que o Seu Tião bebia tanto, mas bebia tanto, que acabava ficando com um hálito meio pesado. Parecia, de fato, que comia carniça. Durante uma das carraspanas contumazes, um grupo de amigos do Catumbi, sob a liderança do carpinteiro, resolveu criar um bloco de carnaval. Todos sairiam fantasiados de onças-pintadas. O nome do bloco, é evidente, já nasceu pronto.

O Bafo cresceu e virou atração do carnaval da cidade. As mulatas do Sargentelli, João Roberto Kelly, Oswaldo Nunes e Dominguinhos do Estácio eram figuras populares nos furdunços que a turma do Catumbi promovia. A popularidade foi tamanha que o próprio Bira Presidente, fundador e eterno dirigente do Cacique, admite que o bloco dos apaches de Ramos foi criado com o objetivo de superar as onças pintadas do Catumbi.

É inevitável, portanto, que os cinquenta anos do Cacique de Ramos venham acompanhados pelo júbilo e, também, pelo lamento em virtude do declínio do Bafo da Onça. Quero crer que, dentre várias razões que explicam esse declínio (são mesmo inúmeras), uma merece ser ressaltada, até mesmo como um alerta.

A decadência do Bafo é análoga ao triste fim do bairro do Catumbi, centro de origem do bloco. Poucos bairros cariocas sofreram tanto com as reformas urbanas que, vez por outra, marcam a cidade. Ao longo das décadas de 1960 e 1970, o Catumbi foi sendo devastado. A abertura do túnel Santa Bárbara e, especialmente, a construção do viaduto Trinta e Um de Março, dividiram o bairro em dois pedaços, ocasionaram a demolição de imóveis centenários e a destruição de quadras inteiras. Em nome da reestruturação urbana do Rio, o Catumbi se transformou em um bairro de passagem, perdeu a maior parte de seus moradores e deixou de ser um centro de referência para a comunidade, com suas vivências, saberes, hábitos cotidianos e visões de mundo. O Bafo da Onça, de certa forma, era fruto desse espaço de convívio dizimado pelo poder público.

Que em tempos de remodelação urbana, choques de ordem, copas, olimpíadas e que tais, os responsáveis pelas intervenções urbanas tenham consciência de que os lugares são, mais do que qualquer outra coisa, espaços de construção de memórias, culturas, formas peculiares de se experimentar a vida e abordar o mundo. E que as tamarineiras cariocas – as que restam - continuem de pé.

* Texto publicado no blog Histórias Brasileiras. Acessado em 9 /02/2011.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Portela

Obra: Carnaval em Madureira (1924), de Tarsila do Amaral.

Para mim, as decisões tomadas pelo presidente Nilo e LIESA devido o incêndio na Cidade do Samba se configuram em um desrespeito com os portelenses, que saem dos seus estados para vibrar com a Portela, ou aqueles que gastam seu dinheiro e seu tempo disponível para comprarem os ingressos ou, ainda, os que trabalham no calor e choraram por verem os resultados da sua dedicação pegando fogo e ainda terão que trabalhar muito e, ainda sim, a escola passar com ar de 'coitada'. Esses foram informados pela tevê que "individualmente, procurem torcedores da Mocidade para trocarem seus ingressos" ou, simplesmente, "terão seus dinheiros devolvidos". Depois desse infortúnio, ainda vem a decepção!
Nossa história foi construída por guerreiros, nossas letras versam sobre a beleza genuína da escola e nossa comunidade é composta por sambistas e apaixonados pela Portela.
Lembro-me que, quando era criança, passei horas em frente a tv esperando a Portela desfilar. No início do desfile, a águia foi se desmanchando na avenida. Fiquei frustrada mas, mesmo assim, torci e continuo portelense. Pena que hoje o carnaval é muito direcionado para quem quer ver somente plumas, paetês e bundas e ainda acha que o dinheiro manda em todas as coisas.

"Portela, eu nunca vi coisa mais bela..."

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Declaração de amor


Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo. Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisto de uma frase. Eu gosto de manejá-la - como gostai a de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lentamente, às para nos dar para sempre uma herança de língua já feita. Todos nós que escreve-nos atamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida. Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega. Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida.

LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1984. Disponível em: http://claricelispector.blogspot.com/2008/01/declarao-de-amor.html . Acessado em 6/02/11.
Imagem pesquisada no site da universidade Estácio de Sá.

PS: Visite este site!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Reservo este post para um conto que está sendo escrito por mim. Era para ter sido postado no dia 1/02, entretanto, alguns problemas impediram.